Livro #82 - Wake

Título: Wake - Despertar

Autor (a): Lisa McMann

Numero de paginas: 208

Editora Novo Século

Sinopse: “Para Janie, uma garota de 17 anos, ser sugada para dentro dos sonhos de outras pessoas está se tornando normal. Janie não pode contar a ninguém sobre o que acontece com ela - eles nunca acreditariam, ou pior, achariam que é uma aberração. Então, ela vive no limite, amaldiçoada com uma habilidade que não quer e não pode controlar. Mas, de repente, Janie acaba presa dentro de um pesadelo horrível, que lhe causa um imenso terror. Pela primeira vez, ela deixa de ser espectadora e se torna uma participante... "Um romance lírico, cujas imagens permanecem com você, muito tempo depois de virada a última página, como o mais memorável dos sonhos." Cassandra Clare”

É bem difícil você se encantar com um enredo e descobrir que a autora não fez um trabalho à altura... Mais difícil ainda é fazer uma resenha sem ter muita coisa boa a falar, essa é uma dessas situações; estou escrevendo, literalmente, uma crítica!

Antes de qualquer coisa, vocês devem experimentar e tirar suas próprias conclusões! Não me crucifiquem por não ter gostado, a minha opinião é basicamente sobre a escrita da autora e eu não tenho só coisas ruins para apontar certo?

A série Wake é composta por 3 livros; Wake, publicado em 2008, Fade, em 2009 e Gone, em 2010, essa resenha trata mais especificamente do primeiro livro, mas as criticas podem ser facilmente estendidas aos demais.

Nesse livro conheceremos Janie Hannagan, uma garota tentando viver a vida da forma mais normal possível, estudante, cheia de problemas financeiros e com uma mãe problemática, ainda carrega um fardo bem pesado: é sugada para dentro dos sonhos que quem dorme próximo a ela.

O livro é escrito em 3ª pessoa, o que incomodou muita gente, quanto a mim não encontrei problemas, considerando que essa forma garante mais liberdade ao autor, afinal, sendo onisciente, nós conseguimos ter a visão de todas as personagens ao mesmo tempo, ainda que exista uma em foco. Eu achei um ponto forte do livro essa narração, no entanto, as frases e diálogos soltos são confusos, motivo pelo qual a estória não flui naturalmente.

Dentre os problemas que encontrei na trama, poderia citar 3 que realmente me impediram de aproveitar o livro:

Por usar uma narrativa fragmentada com muitas frases soltas e desnecessárias, surgem certas lacunas entre os acontecimentos, diversas vezes eles não têm explicações, simplesmente surgem, o que, honestamente, enfraquece a conexão que fazemos com estória. As cenas que poderiam ser melhor trabalhadas passam... assim mesmo, passam! Deixam a sensação de faltar alguma coisa. Varias vezes me peguei imaginando como eu escreveria determinada cena, tentando dar mais ênfase a ela, ou por que as considerava importantes ou por que eram cenas gostosas, bonitas, que nós merecíamos um tempinho a mais com elas.

As personagens, especialmente as secundárias, são mal construídas, as mesmas

personagens que definem a personalidade da protagonista não se apresentam com essa relevância.

Eu adoraria ver a mãe de Janie, Dorothea Hannagan, tendo a importância que merece ao longo da trama, no entanto a autora resolveu ignorar o histórico de bebidas, traumas e abandono dessa personagem, optando por mantê-la em segundo plano, um acessório. Durante todo o livro, e isso se estende pelos próximos volumes também, ela apenas bebe e dorme. Eu realmente não entendo por que não explorar essa relação difícil entre as duas.

Nesse universo problemático, existem poucas coisas que aliviam o sofrimento de Janie, uma delas é a sua melhor amiga Carrie. A história de vida de Carrie traz uma memória familiar bem triste que, mais uma vez, não foi bem explorada! Ela também não tem muita frequência na vida de Janie, apesar de ser constantemente mencionada como sua melhor amiga. Ela se envolve na trama de uma forma bem frágil, é uma personagem importante na vida da Janie, mas que não tem importância alguma na trama.

As resoluções dadas a alguns acontecimentos foram simplistas e fáceis demais, tenham em mente que, por mais que seja um livro ficcional, que seja um romance, existe sim um limiar entre a licença poética e o absurdo! Algumas passagens são aceitáveis por que, claramente, são partes da ficção que envolve a trama, mas algumas, e o leitor vai perceber isso, deveriam se aproximar da realidade, eu vou dar um exemplo sem spoiler, mas se você não quiser ler pule esse paragrafo certo?

Durante o amadurecimento da relação entre Janie e Cabel, ele apresenta algumas atitudes suspeitas que, juntamente com as historias do passado dele, deixaram Janie desconfiada de que ele pudesse estar envolvido com pessoas e negócios errados. O meio que autora resolveu esse problema foi um dos exemplos de absurdo, e não me refiro ao que ele realmente fazia, mas em como ela descobriu isso.

 "Você beija ainda melhor do que imaginava, até mesmo do que nos sonhos" - Janie

 

O ponto forte sem duvidas é o relacionamento que ela mantém com  Cabel Strumheller, o garoto tem um passado obscuro e misterioso na medida certa, tem um charme estilo “bad boy” que encanta mas, ao mesmo tempo, se mostra sensível e educado, rapidamente o elegi meu personagem preferido.

Embora esse relacionamento aconteça sem muitos detalhes, achei lindo o carinho que ele demonstra e a preocupação com os problemas que ela não pode controlar. As melhores cenas são protagonizadas por esse romance, suspirei durante horas depois que ela descobriu o segredo que ele mantinha, certas cenas são inesquecíveis! Imaginem alguém que sempre tem o que dizer sobre tudo e fica sem palavras, eu diante de Cabel! A partir de agora, tudo irá girar em torno desse amor! O que não significa que tudo será excepcional! Não! A autora conseguiu deixar buracos enormes inclusive nesse romance!

"Tem um hippie na porta, ele diz que não vai sair até que você fale com ele. Ele quer saber se você vai chegar logo, e eu estou indo pra cama" - Dorothea Hannagan

Lisa MacMann

Não sei se talvez o trabalho de tradução possa ter atrapalhado, mas a decisão de manter o nome original e usar o nome em português como uma espécie de subtítulo foi acertada sem duvidas, a capa também é um ponto que merece elogios, simples e bonita, com informações suficientemente misteriosas e significativas dentro da trama (o travesseiro, o copo e a cadeira), mas a sinopse foi mais um pecado cometido, embora ela leve à curiosidade, não apresenta a estória como realmente é, ou seja, não serve ao próprio objetivo, trazer uma prévia do que acontecerá no decorrer da trama.

Vi muitas pessoas dizendo “o problema não é a estória, é a autora”, e sou obrigada a concordar! Com uma ideia excepcional em mãos, a autora, infelizmente, não soube colocar no papel todo potencial da trama ou das personagens, e eu gostaria de dizer que essa tivesse sido uma trilogia inesquecível.

Obviamente esse não é um ponto de vista definitivo, a experiência do livro você só terá ao tê-lo em mãos, mas são impressões de alguém que realmente se esforçou para aproveitar o livro!